terça-feira, 29 de março de 2011

La Casserole






Fui a São Paulo para o lançamento de um livro que participei como autor e fui surpreendido com um engarrafamento gigante na marginal Tietê, o que atrasou minha chegada em 3 horas ao hotel. Claro que cheguei esgotado e sequer tive vontade de sair do meu quarto, mas a fome foi grande e resolví ir até o Largo do Arouche comer num restaurante amigável que frequento desde quando ía à cidade com meu pai. Porém, no caminho deste local, passei em frente ao La Casserole, tradicionalíssimo lugar de comida refinada que, à noite, com sua fachada que nos leva aos bistrôs parisienses e o mercado de flôres que fica em frente à ele,- tudo refletido em luzes aconchegantes refletidas no chão molhado - me fez mudar de rumo e lá fui eu me deliciar nas maravilhas do cardápio que resiste a 57 anos a todas as mudanças da big city brasileira, famosa por seus restaurantes e também conhecida pela curta duração dos mesmos: recentemente um jornal paulista publicou uma nota que 40% dos restaurantes abertos na cidade não duram dois anos. Concluímos que o La Casserole deve ter um diferencial enorme. E tem: excelente comida!
O ambiente agradável nos faz esquecer que estamos em SP, principalmente que estamos no centro decadente da cidade, e o charme dos bistrôs franceses predomina. Logo na entrada somos recebidos pelo maitre, mas também por uma simpática mesa onde repousam alguns pratos tradicionais da casa. Na verdade, mesmo com um menu renovado, sair das escolhas clássica é difícil, e lá fui eu comer o Gigot aux Soissons, acompanhado de um Côtes du Rhône maravilhoso, não sem antes provar o foie gras. Este gigot é uma das maravilhas introduzidas por Roger Henri desde que inaugurou a casa em 1954 e é composto de finas fatias de carne de carneiro acompanhada por feijões brancos. Mesmo após a morte de Henri, sua filha Marie-France Henri, herdeira da casa, não deixou sair esta maravilha do cardápio e o chef Antônio Gerônimo da Silva, que pilota as casseroles a 40 anos, a realizando primorosamente, assim como outros pratos que resistiram ao tempo, como a magnífica bouillabaisse, o salmão e a inesquecível torta de cerejas, na verdade um strudell recheado destas frutinhas. Foi com esta torta que encerrei o repasto, acompanhada de um Tokai divino que me fez acreditar que o paraíso pode ser aqui mesmo na Terra.

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