terça-feira, 29 de março de 2011

Prunier






Passando pela Picadilly, em Londres, podemos ver a Prunier bem ao lado como se loja de caviar fosse a coisa mais normal do mundo. Claro que não resistí e fui lá fazer uma visita suspeita. Suspeita porque estas coisas caras e luxuosas devem ser encaradas com uma considerável distância, já que podem nos falir pelo resto da vida (ou do ano, pelo menos) e, outra atitude providencial, temos de ter noção se aquilo é mesmo algo a ser vivenciado.
Bem, a recepção das mocinhas atendentes é algo que deveria estar sendo demonstrada num congresso de marketing: quando você percebe está sentado no balcão de degustação como se aquilo fosse o McDonalds. Não é! A simpatia das meninas (lindas, elegantes e com um sorriso daqueles) faz parte da estratégia da Prunier para que você se sinta em casa, e você se sente em casa. A sorte é que a oferta de artigos da casa (foie gras, salmão Balik, Trutas frescas, King Crab, e, óbvio, caviar) é variada e até consumível, se você tem plena consciência do tamanho do seu bolso. Como comer caviar de verdade é algo que não faz parte da minha dieta diária, me permití brincar de rico e pedí um tour de degustação onde tinha desde Sevrugas, Oscetas, Belugas e Malossol servidos em porções pequenas (com blinis e/ou finas fatias de salmão) só mesmo para brincar com seu paladar, claro que acompanhados de uma bela vodka russa, daquelas que fazem seus joelhos dobrarem de prazer. A gente sai de lá bêbados, apaixonados e querendo o enderêço das atendentes mas, nem tentem, elas não os dão, acreditem. Quanto à conta, well, let it go...

Debaixo da árvore






Fui com os amigos Rômulo e Kelly jantar no Figueira Rubayat. Acredito que a escolha do lugar foi proposital por parte dos amigos paulistas porque já sabem que adoro ir lá. E é mesmo muito bom ir na casa (numa das...) de Belarmino Iglesias e conferir que continua sendo um dos melhores lugares para se comer com qualidade na cidade. A maravilhosa árvore sob a qual o restaurante foi montado é de um impacto único e acolhe a todos como se estivéssemos no quintal de uma fazenda ou casa de praia. E que quintal...
Com um cardápio quilométrico e uma carta de vinhos de igual tamanho, é difícil escolher qual dos prazeres será o eleito. Eu não corro riscos: vou logo no caixote de frutos do mar,- onde lulas, vieiras, camarões, peixes, polvo e lagosta chegam grelhados com seus sabores preservados - e meus amigos foram de linguado com purê de espinafre, feito da mesma forma. A tudo juntou-se um Chablis geladíssimo que caiu bem com os pedidos.
A política da cozinha deste restaurante é interferir o mínimo na comida, sejam os frutos do mar ou as carnes, para que seus sabores fiquem preservados e nos encantem com os perfumes originais. E dá super certo: como toda cozinha de qualidade o frescor dos produtos é prioridade.
A sobremesa é um dilema já que existe na casa uma mesa looooonga onde repousam em quantidade pantagruélica as opções de doces que fazem a gente passar vergonha, já que é impossível comer uma só. Ficamos mais à vontade quando assistimos todos os fregueses fazerem a mesma coisa. Ir na Figueira é ter certeza de felicidades.

Bistrô Charlô




O Charlô é um profissional da culinária paulista a um bom tempo. Bom sinal. Fui com o casal amigo Pirani e Inês almoças no bistrô de sua propriedade em São Paulo antes de irmos assistir a um concerto da OSESP, coisa que pedia um bom almoço prévio. E assim foi: a casa é simpaticíssima e a comida revela a fama do dono. Acompanhado de um vinho piemontês, comí um belo magret de canard com purê de espinafre e uma pêra cozida que fez bonito. Comí uma sobremesa nova para mim que teve também seus encantos: um pudim de sauternes com molho de ameixas embebidas em calvados. Merece uma visita.

La Casserole






Fui a São Paulo para o lançamento de um livro que participei como autor e fui surpreendido com um engarrafamento gigante na marginal Tietê, o que atrasou minha chegada em 3 horas ao hotel. Claro que cheguei esgotado e sequer tive vontade de sair do meu quarto, mas a fome foi grande e resolví ir até o Largo do Arouche comer num restaurante amigável que frequento desde quando ía à cidade com meu pai. Porém, no caminho deste local, passei em frente ao La Casserole, tradicionalíssimo lugar de comida refinada que, à noite, com sua fachada que nos leva aos bistrôs parisienses e o mercado de flôres que fica em frente à ele,- tudo refletido em luzes aconchegantes refletidas no chão molhado - me fez mudar de rumo e lá fui eu me deliciar nas maravilhas do cardápio que resiste a 57 anos a todas as mudanças da big city brasileira, famosa por seus restaurantes e também conhecida pela curta duração dos mesmos: recentemente um jornal paulista publicou uma nota que 40% dos restaurantes abertos na cidade não duram dois anos. Concluímos que o La Casserole deve ter um diferencial enorme. E tem: excelente comida!
O ambiente agradável nos faz esquecer que estamos em SP, principalmente que estamos no centro decadente da cidade, e o charme dos bistrôs franceses predomina. Logo na entrada somos recebidos pelo maitre, mas também por uma simpática mesa onde repousam alguns pratos tradicionais da casa. Na verdade, mesmo com um menu renovado, sair das escolhas clássica é difícil, e lá fui eu comer o Gigot aux Soissons, acompanhado de um Côtes du Rhône maravilhoso, não sem antes provar o foie gras. Este gigot é uma das maravilhas introduzidas por Roger Henri desde que inaugurou a casa em 1954 e é composto de finas fatias de carne de carneiro acompanhada por feijões brancos. Mesmo após a morte de Henri, sua filha Marie-France Henri, herdeira da casa, não deixou sair esta maravilha do cardápio e o chef Antônio Gerônimo da Silva, que pilota as casseroles a 40 anos, a realizando primorosamente, assim como outros pratos que resistiram ao tempo, como a magnífica bouillabaisse, o salmão e a inesquecível torta de cerejas, na verdade um strudell recheado destas frutinhas. Foi com esta torta que encerrei o repasto, acompanhada de um Tokai divino que me fez acreditar que o paraíso pode ser aqui mesmo na Terra.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A guerra dos queijos





A Inglaterra se empenha em firmar seus queijos como tão bons quanto os franceses, atuais e tradicionais detentores do título. Não podemos negar que eles estão se esforçando investindo nas demarcações de regiões produtoras, mapeamento de queijos feitos por pequenos produtores e na propaganda de que a terra da Rainha pode sim ser reconhecida pelos seus laticínios de qualidade. Em Londres, em Covent Garden, tem uma das lojas da Neal's Yard Dairy onde se pode comprar e conferir os sabores dos queijos britânicos. A loja é muito legal e vale uma visita, ou então se inscrever numa sessão de degustação promovida pela casa e ter uma viagem cultural e gastronômica pela queijaria local. Confesso que fui lá quatro vezes para, aos poucos, comer pedacinhos comprados para curtir os sabores destas maravilhas. Não se esqueçam: sou mineiro e mineiro ama queijo...rs...Para quem não me conhece, deixo uma foto minha na porta deste paraíso queijeiro.

Tate Modern Restaurant





Quando fiz minha primeira visita à Tate Modern não comi no restaurante que existe no sétimo andar do prédio, mas voltei outro dia e fui lá tomar um expresso só para conferir o impacto que o ambiente exerce sobre a gente. Uma imensa janela se abre para a cidade oferecendo uma vista incrível, o que potencializa bem o prazer de estar lá. Outra boa surpresa é constatatr que o quadro que decora o salão principal é da artista brasileira Beatriz Milhazes e faz bonito, dando um ar leve e colorido naquela decoração em tons de cinza, branco e preto. Bem, a comida foi elogiada pela amiga Sonja, que já comeu lá. Minha opinião fica para a próxima.

Paella em Covent Garden



Quem vai ao mercado de Covent Garden não escapa de sentir os perfumes emanados de uma paella que é feita no meio do pátio do prédio. A gente fica olhando aquela panela imensa com o arroz, as carnes e os frutos do mar exalando seu apelo para matar nossa fome. Claro que não resistí ao chamado e fui lá comer o famoso prato da culinária espanhola que era muito bem feito e saboroso e foi "traçado" com uma tacinha de espumante. Esta é outra opção acessível para quem quer comer gastando pouco.

Comida de rua




Mesmo comendo em lugares muito legais em Londres tive muitos repastos nas barraquinhas de comida que encontramos nas ruas. Seja na Portobello Road, seja num bairro qualquer, as opções são muitas. Confesso que no dia que fui andando da Tate Britain até a Saatchi Gallery, passando por Pimlico, comí um sanduíche de pão italiano com alface, rúcula, parmesão e presunto de Parma que foi uma das melhores experiências da viagem. Juro! Era uma barraquinha de uma garota italiana que atendia com toda a verve dos habitantes da Velha Bota e me deu o pão recheado delicadamente esquentado num forninho e saí eu pela rua não acreditando nos sabores que estavam alí. Além disto outras opções se abrem durante as caminhadas e, importantíssimo, são super baratoas.

No topo




Passei horas na National Portrait Gallery maravilhado com os retratos expostos lá (e com a fantástica lojinha) mas bateu uma fome danada após o tour cultural. No elevador ví que havia um restaurante, o Searcys, no último andar do prédio do museu e lá fui eu conferir o local. Aberta a porta do elevador tive a certeza: eu tenho de comer aqui. Uma janelona se abria para uma incrível vista de Londres e a decoração inteligente, com móveis e utensílios de design contemporâneo, me convenceram que eu merecia curtir aquilo tudo. Mas a surpresa não ficou só nisto: a comida era muito boa e eu adorei o haddock que veio à minha mesa acompanhado de um purê de castanhas. Nestas horas nos convencemos que vale a pena acordar de madrugada, viajar até outra cidade e trabalhar intensamente para poder ter acesso a vivências como esta.

Um indiano distante



Combinei de jantar com Sonja depois dela sair do trabalho, em Clapham Commom. Era noite e estava frio e nos encontramos na estação do metrô e fomos à cata de um lugar para comer. Gosto deste clima de acaso, ou seja, sair e ser encontrado pelo lugar, e não o contrário. Logo vimos o Clapham Tandoori e concordamos que ambos adorávamos comida indiana. Lá dentro o atendimento simpático ajudou bem e as nossas escolhas foram precisas: uma maravilha. Como no Brasil é difícil ter um restaurante indiano à mão (só fui em São Paulo) ver uma Londres cheia deles é prazeiroso. É uma culinária rica de sabores e mistérios gustativos, mas sempre desemboca em prazeres inesquecíveis. Graças ao clima, à companhis e à comida eu marquei este jantar num distante suburbio londrino como um dos momentos especiais da viagem.

Comida britânica




Tive vontade de comer uma autêntica comida britânica. Mesmo com a fama de ser tristemente sem graça, não é isto que a gente constata ao optar por um pub ou um restaurante tradicional. Fui então até o Porter's, na região da City, e dei asas a minha curiosidade: uma sopa de peixe dos pescadores cuja receita remonta ao tempo que ali havia um cais, uma pie de salmão com salada de folhas e um crumble de frutas selvagens para arrematar. Adorei e a garçonete (linda) que me atendeu me disse que por ser novo na casa eu teria um "cartão fidelidade" para que voltasse à casa. Nem precisava: valeu a experiência. Ah, o restaurante parecia coisa saída de um livro de Dickens.

China Food



Está sem grana em Londres? Vá par o Soho e curta os milhares de restaurantes orientais que existem por lá. Detalhe: a comida é baratíssima. Isto não significa comida mal feita, apesar da simplicidade dos pratos é saborosa e não dá para reclamar de um self-service a 8 libras. Se você não se incomodar vá ao Mr. Wu e experimente o cardápio variado dele. Existem muitos restaurantes da rede espalhados por China Town.

Um bistrô perto de Saint Paul




Depois de um maravilhosos domingo ao lado da minha amiga Sonja passeando pelas margens do Tâmisa, lá fomos nós almoçar num bistrô francês localizado ao lado da catedral de Saint Paul chamado Côte Brasserie. Local perfeito e acolhedor, e nossa mesa era na janela por onde eu via a fachada da catedral. O pedido foi feito e acertei(amos) na mosca: uma entrada de foie gras com torradas (com um vinho Sauternes) e uma carne acompanhada de manteiga de ervas e, claro, chips. Hummm, perfeito. Ah, teve um Cabernet Sauvignon para regar isto tudo. Depois disto o dia que já estava bom ficou melhor.

Camera Cafe


Uma comida rapidinha entre uma exposição de arte e outra é sempre bem vinda e cumpre o seu papel neste sentido pois algumas lanchonetes estão dentro de museus e servem aquele lanche providencial que renova as energias para enfrentar-mos a alta quilometragem que as mostras de arte londrinas exigem. O Camera Cafe é um agradável lugar perto do British Museum e tem dupla função: uma parte é a lanchonete e outra parte é uma loja de venda de cameras fotográficas analógicas. O ambiente é muito legal e afotografia é o tema predominante. Adorei o ambiente e voltei lá todas as vezes que fui naquela região.

Toku



Este restaurante japonês, o Toku, está localizado no coração de Londres, exatamente na Regent Street, ao lado do Japan Centre. Minha intenção não era comer nele pois me dirigia a outro lugar, mas as vitrines e o ambiente me colocaram na posição difícil de recusar uma entrada para conhecer. Valeu, pois a comida era muito boa, com todas aquelas opções tradicionais da culinária japonesa mais algumas novidades: assim como no Brasil fazemos sushi de manga, lá fazem coisas semelhantes. E não era muito caro e ficava justamente no meio das opções financeiras, nem muito caro nem muito barato. E come-se bem, garanto.

domingo, 13 de março de 2011

La Maison des Millésimes




Comprei um guia das lojas parisienses de vinhos para comprar algumas garrafas para acompanhar os lanches que fazia no hotel, afinal uma boa baguette, um bom queijo e um bom vinho fazem a festa, especialmente num lugar com a produção farta da França nos quesitos citados. A loja La Maison des Millésimes, no boulevard Saint Germain era um manancial de agradáveis surpresas e lá que eu fazia minha cesta básica. Na vitrine eles tinham nada mais nada menos do que um Chéval Blanc 2001 e na tabuleta na entrada anunciavam os vins de rêves como Petrus, Cheval e Latour com uma naturalidade constrangedora: parecia oferecer Coca, Fanta e Grapette...Básico.