sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um prato só




É muito comum a gente ter na nossa agenda, ou no nosso mapa mental particular, um lugar onde sabemos ter uma comida muito boa, principalmente quando se trata de comida do dia-a-dia, aquela que vai matar nossa fome mas permite também outras alegrias. Alguns destes lugares são estabelecimentos que ficam conhecidos através de uma propaganda boca-a-boca que ressaltam suas qualidades e, assunto deste post, por fazerem um prato só, certeza de um porto seguro, ou, no caso, de uma mesa segura.
Estas casas de restauração chegam a agregar ao seu nome comercial o nome próprio de alguém, seja o proprietário ou alguém amantíssimo dele (filhos, por exemplo), e assim ficam conhecidas como "a feijoada do fulano", "a traíra do sicrano" ou o "feijão tropeiro do beltrano".
Com tamanha relação com o público, muitas destas casas dispensam o cardápio e o atendimento chega a ser minimalista: "Vai querer o feijão?" Claro! Estamos alí para comer "o" feijão. E ele vem rapidinho à mesa pronto a justificar tamanha fama. Na minha cidade natal existe uma traíra sem espinha que arrasta multidões que não se importam de ficar na fila passivamente esperando a hora de degustar "a" traíra. E as expressões de felicidade dominam o ambiente de mesas simples, público eclético e atendimento quase personalizado. Esta cultura do esquema "um prato só" nasceu pela consagração das pessoas, muito antes de serem estratégias de marketing. Normalmente o acerto prevalece e - ah, não podemos esquecer isto - é barato e farto.

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