




Eu já comentei em outro blog que tenho (www.afonsopost.blogspot.com) minha devoção à
Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro. Creio que não estou sozinho nesta paixão pois quando vou lá (é lugar obrigatório nas viagens que faço à cidade) não é raro ver os olhos daqueles que a vêem pela primeira vez brilharem de encantamento: o ambiente refinado, os espelhos gigantes, a abóbada colorida, as mesas de mármore, as cadeiras de palhinha e as vitrines repletas de docerias sedutoras, tudo se mescla num deleite que vai lá na alma dizer: Como é bom estar vivo! Exagero? Não acredito.
Uma das coisas que um lugar como este, de beleza materializada, agrega é a história, seja a compartilhada, seja a individual. Aquela rua apertada no centro do Rio onde fica a Colombo nos leva a imaginar o que era no seu esplendor, repleta das pessoas que eram a vida da cidade. Ainda é assim, claro, mas os relatos de
Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo e João do Rio mostram isto com eloqüência: a alma encantadora das ruas é que faz a polis. Hoje o espaço compartilhado abriga todos os "comuns" ( em outras palavras: nós!)que se apinham nos balcões, nas mesas e na porta, no mesmo espaço que abrigava a refinada sociedade do Rio de século atrás, comunidades que se agora se complementam unidas pelo democrático usufruto do lugar.
Tenho um documentário chamado "
Rio de Memórias", que fala da chegada da fotografia no Rio de Janeiro, e a parte que mostra o que era a cidade na virada do século XIX para o XX não exclui os "almofadinhas" de pé na porta da doceria num "flirt" com as "cocotes". Isto ainda está lá, invisível, travestido de história, impregnado naquelas paredes, cristais e salões.
Fora isto - ou incluído a isto - está a culinária tradicional da confeitaria, exposta nas vitrines repletas de doces ( e também de salgados) onde gosto de ver meu rosto refletido como se pudesse ser um com aquilo tudo. Só rindo...Deixa meu médico saber disto! No salão superior - acessável por um charmoso elevador - se pode almoçar tendo uma visão previlegiada da casa e, claro, de um bufê assustadoramente farto. Gosto de ver a surpresa dos estrangeiros ( Como os franceses são maioria!!!) vendo a brasileiríssima miscelânea de diferentes culinárias, decidindo entre um prato da culinária bahiana ou um
coq au vin. Com o azeite de dendê devidamente dosado, vence o vatapá, o acaçá ou a peixada. Aos orixás o nosso louvor!!!
Bem, já andei por muito canto deste mundo e sem medo afirmo que não há lugar igual.