domingo, 6 de fevereiro de 2011

Confeitaria Colombo






Eu já comentei em outro blog que tenho (www.afonsopost.blogspot.com) minha devoção à Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro. Creio que não estou sozinho nesta paixão pois quando vou lá (é lugar obrigatório nas viagens que faço à cidade) não é raro ver os olhos daqueles que a vêem pela primeira vez brilharem de encantamento: o ambiente refinado, os espelhos gigantes, a abóbada colorida, as mesas de mármore, as cadeiras de palhinha e as vitrines repletas de docerias sedutoras, tudo se mescla num deleite que vai lá na alma dizer: Como é bom estar vivo! Exagero? Não acredito.
Uma das coisas que um lugar como este, de beleza materializada, agrega é a história, seja a compartilhada, seja a individual. Aquela rua apertada no centro do Rio onde fica a Colombo nos leva a imaginar o que era no seu esplendor, repleta das pessoas que eram a vida da cidade. Ainda é assim, claro, mas os relatos de Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo e João do Rio mostram isto com eloqüência: a alma encantadora das ruas é que faz a polis. Hoje o espaço compartilhado abriga todos os "comuns" ( em outras palavras: nós!)que se apinham nos balcões, nas mesas e na porta, no mesmo espaço que abrigava a refinada sociedade do Rio de século atrás, comunidades que se agora se complementam unidas pelo democrático usufruto do lugar.
Tenho um documentário chamado "Rio de Memórias", que fala da chegada da fotografia no Rio de Janeiro, e a parte que mostra o que era a cidade na virada do século XIX para o XX não exclui os "almofadinhas" de pé na porta da doceria num "flirt" com as "cocotes". Isto ainda está lá, invisível, travestido de história, impregnado naquelas paredes, cristais e salões.
Fora isto - ou incluído a isto - está a culinária tradicional da confeitaria, exposta nas vitrines repletas de doces ( e também de salgados) onde gosto de ver meu rosto refletido como se pudesse ser um com aquilo tudo. Só rindo...Deixa meu médico saber disto! No salão superior - acessável por um charmoso elevador - se pode almoçar tendo uma visão previlegiada da casa e, claro, de um bufê assustadoramente farto. Gosto de ver a surpresa dos estrangeiros ( Como os franceses são maioria!!!) vendo a brasileiríssima miscelânea de diferentes culinárias, decidindo entre um prato da culinária bahiana ou um coq au vin. Com o azeite de dendê devidamente dosado, vence o vatapá, o acaçá ou a peixada. Aos orixás o nosso louvor!!!
Bem, já andei por muito canto deste mundo e sem medo afirmo que não há lugar igual.

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