domingo, 30 de janeiro de 2011

Domingão de verão


Faz um calôr do cão. Sem opção viável para quem mora numa cidadezinha de 40 mil habitantes em Minas Gerais, a solução é um bom repasto, daqueles que redimem a vida e torna a programação de domingo (sim ,gente, é domingo...) da TV naquilo que ela realmente é: um prato indigesto. Qual a solução? Ir para a cozinha cometer alguma coisa que faça a vida ter sentido. Olho minha geladeira (freezer incluso) e percebo que é de fazer São Francisco de Assis ruborizar, ou seja, um atestado de pobreza inquestionável.Mas nada que não possa ser suplantado pela criatividade. E vamos lá juntos, eu e o meu séquito de solitários dominicais.
Antes de mais nada ordenei as possibilidades: meio peito de frango temperado com sal e alho, uma cebola chorosa perdida num cantinho, um restolho de manga aden cortada em fatias, manteiga, meia chícara de arroz arbório e temperos diversos como açafrão da terra, noz moscada e canela. Tudo coroado com um espumante argentino que clama por refrescar o calorão deste verão cruel.
Manteiga na panela (sejam generosos e esqueçam o que os cardiologistas dizem: é tudo mentira!), joguem aí o frango temperado picado em cubos. Dourou? Coloque a cebola em pedaços até que fiquem transparentes. Ficou? Jogue um pouco de água para não desperdiçar a saborosa grudação que aconteceu no fundo da panela ,ou então faça à parte um caldo usando a carcaça e jogue lá (aqueles cubinhos de caldo de galinha com azeite também funcionam). Feito isto coloque o arroz arbório e deixe dar uma primeira cozinhada. Antes da segunda colocada do caldo jogue a manga em cubinhos e vá dosando o restante do líquido. Nesta hora já pode colocar o açafrão, a canela e a noz moscada (pouquinho, gente) já que o que deve prevalecer é o açafrão. Deixe cozinhar em fogo baixo colocando água - ou caldo - na medida que o arroz pedir. Lembre-se, deve ficar al dente. Tá pronto? Coloque num prato lindo, de preferência grandão, e vá degustando aos poucos, com elegância (nada de ir com fome ao pote...) e aproveite e beba o restante daquele espumante geladíssimo que já estava te fazendo companhia antes mesmo de iniciar o ato de cozinhar. Eu fiz isto com um belo e acessível espumante argentino Alamos que foi um alento antártico nas altas temperaturas deste domingo saariano. No fim das contas foi um prazer único que, confesso, dividí com Ted Boy Marino e Kathia Cilene, o casal de gatos que mora na minha humilde casinha. Como é fácil ser feliz.

Um comentário: